Se você pudesse colocar em uma paleta de cores os tons de pele dos profissionais contratados no mercado de publicidade, como imagina que seria o resultado?
Se você supõe que a maioria esmagadora seria uma pequena variação entre tons de pele brancos, você acertou. Bem, vamos combinar que não era uma aposta muito difícil, né?
Para quem trabalha no mercado, basta olhar para o lado e perceber quantos colegas negros existem na equipe. E quanto cargos de liderança são ocupados por pessoas de pele escura.
Para mensurar esses dados, a dupla de criativos Victor Emeka e Zé Celso Oliveira pesquisou as fotos de novos profissionais contratados na publicidade divulgados no Clube de Criação e os agrupou de acordo com os tons de pele da Pantone SkinTone. Assim nasceu o The Hiretone Palette.
Lançado em 2020 na época dos assassinatos de George Floyd, nos EUA, e de João Pedro, no Brasil, e das manifestações Black Lives Matter, o projeto escancarou uma realidade que já era visível: a falta de diversidade racial no mercado publicitário brasileiro.
“Quando a gente pensa na paleta de cores da Pantone, vem na cabeça a multiplicidade de cores. É quase uma ironia essa nossa paleta, porque, embora haja variação de tons, a cor é basicamente uma só”, comenta Zé.
Após as manifestações, foi possível observar um pico nas contratações de negros em agosto. Porém, depois as taxas caíram novamente as patamares anteriores. “Foi um pico de 18% e depois voltou a cair para 5%. Foi um reflexo das manifestações, então a sensação que dá é que as empresas quiseram mostrar que estavam fazendo um favor”, comenta Victor.
Como você acredita que o mercado publicitário pode ser mais inclusivo? Como as agências podem agir para contratarem mais pessoas negras em todas as áreas?
