Difusão e uso de filtros estão em alta na produção audiovisual


Os filtros de difusão se tornaram a ferramenta bastante utilizada por cineastas e diretores de fotografia que buscam uma aparência cinematográfica ao gravar digitalmente. Mas qual é o limite da difusão?

Desde o surgimento do cinema digital, os cineastas vêm procurando maneiras de encontrar o melhor dos dois mundos: a conveniência da aquisição digital, com a personalidade do filme cinematográfico.

Como não existe uma técnica que funcione isoladamente, muitos cineastas tendem a se concentrar em apenas uma ferramenta específica, o que leva à estilização excessiva de suas filmagens.

Ao longo dos últimos anos, algumas técnicas foram sendo aplicadas para conseguir esse efeito, como a profundidade de campo rasa.

Entre outras coisas, os filtros de difusão são frequentemente empregados para suavizar imagens de cinema digital 4K+ excessivamente nítidas e torná-las mais agradáveis ​​aos olhos.

A idéia é que o filme (mesmo 35mm) traga um toque mais suave e mais convidativo do que o digital. Então, se queremos fazer com que as imagens pareçam menos digitais, por que não apenas suavizá-las com difusão?

É uma lógica que faz sentido, mas que funciona muito melhor na teoria do que na prática. Porque, novamente, não há um único fator que faça uma imagem parecer cinematográfica.

É uma combinação de tamanho de frame, movimento da câmera, cadência de movimento, faixa dinâmica, equilíbrio de cores, textura e inúmeras outras variáveis. Por isso, é impossível destacar qualquer variável e argumentar que é o fator X por trás do visual cinematográfico.

Mas mesmo se houvesse, definitivamente não seria a difusão. Principalmente quando você considera que a grande maioria dos filmes gravados em filme são super nítidos e não têm uma aparência difusa.

Tente colocar um filme IMAX de 65 mm ao lado de uma filmagem DSLR comum e veja qual deles parece mais nítido. O filme vai ganhar de longe.

Mas mesmo se assumirmos que todo filme é sempre mais suave que o digital (o que não é verdade, claro), ainda não há razão para exagerar na difusão – porque o que faz o filme parecer mais suave não é a difusão, é o próprio formato.

Outro argumento para a difusão é que ela melhora o rolloff e o halo, o que torna a imagem mais cinematográfica. Isso também não é bem assim.

Embora em muitos casos a difusão melhore a aparência, ela não emula a aparência do filme real. Na melhor das hipóteses, fica no mesmo.

Porém, nada disso quer dizer que os filtros de difusão não têm seu lugar.

Uma névoa sutil de 1/8 ou 1/4 pode ser usada com bom gosto para adicionar um aspecto de sonho às imagens ou ajudar a suavizar os tons de pele. E uma difusão mais agressiva pode funcionar bem para projetos altamente estilizados, como videoclipes ou curtas experimentais.

Aqui na 8 Milímetros, carregamos bastante o uso de filtros no filme “Papo de Lavanderia”, onde usamos glimmer glass full, trazendo esse aspecto mais lúdico, com aspecto de sonho:

Já em “Heróis do Conhecimento”, filme com Lázaro Ramos, usamos o filtro Pro Mist. trazendo difusão nas altas luzes:

A questão não é se a difusão pode criar belos resultados visuais (o que é óbvio que pode), mas se esses resultados são emblemáticos do filme – o que normalmente não são, a menos que combinados com outras técnicas.

Uma boa lente vintage (ou mesmo uma lente moderna com qualidades vintage), por exemplo, pode ajudar bastante a adicionar personalidade às imagens, ao mesmo tempo em que atenua a dureza do digital.

O mesmo pode ser dito sobre o uso de uma boa fonte de luz suave, um toque de neblina ou o LUT certo na câmera.

Dito tudo isso, os filtros de difusão com certeza têm seu lugar no kit de equipamentos. São uma ferramenta tão importante quanto qualquer outra, e capazes de belos resultados nas mãos certas. Eles simplesmente não são uma bala mágica para fazer imagens digitais parecerem filme – e nada é.

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