Em um vídeo gravado em 2017, Stan Lee, criador dos super-heróis da Marvel, disse que “essas histórias têm espaço para todos, independentemente de sua raça, sexo, religião ou cor de sua pele. As únicas coisas para as quais não temos espaço são ódio, intolerância e fanatismo.”
Desde sua criação em 1963, X-Men é a grande manifestação desse pensamento. Consistentemente, a história sempre destacou a intolerância como um grande obstáculo na vida dos personagens.
A história narra a vida de um grupo de adolescentes mutantes que combatem o crime. Porém, muito mais do que uma simples guerra entre o bem e o mal, X-Men vai além: esses mutantes, que sofreram uma evolução genética e desenvolveram super-poderes, são odiados, segregados e perseguidos pelos humanos “normais”, os quais eles defendem.
“Isso não apenas os tornava diferentes, mas era uma boa metáfora para o que estava acontecendo com o Movimento dos Direitos Civis no país naquela época”, disse Lee em uma entrevista no ano 2000, quando o filme do X-Men lançou nos cinemas. Isso é o que atraiu um público tão vasto para a franquia, e é o que cativou tantos leitores.
Essa metáfora se manifestou também nos próprios personagens, com o Professor X e sua visão de coexistência harmoniosa entre humanos e mutantes, como declarava Martin Luther King Jr., enquanto a atitude rígida de Magneto em relação à defesa dos mutantes refletia a filosofia de Malcolm X. Os Sentinelas, robôs gigantes caçadores de mutantes, foi introduzida dois anos depois, enquanto os americanos assistiam na TV negros sendo espancados e abusados por policiais brancos.
Além das questões raciais e de direitos civis, X-Men também aborda o preconceito LGBT em diversos momentos. No filme lançado em 2006, X-Men 3: O Confronto Final, a história fala sobre um mutante que tem o poder de neutralizar os poderes de outros mutantes. Com essa descoberta, ele é internado num laboratório com o objetivo de extraírem “a cura”, como se fosse uma vacina, já que ser mutante é visto como uma doença.
Essa é uma metáfora bastante clara sobre as ideias de “cura gay” que vemos por aí, como se a orientação sexual diferente dos “padrões” fosse um problema que precisasse de cura.
Outra personagem que representa bastante o preconceito LGBT é a Vampira, criada na década de 80, tem uma condição em que não pode ser tocada ou tocar em ninguém. Essa foi a época da explosão de AIDS/HIV, e a população LGBT foi completamente estigmatizada pelo preconceito, onde as pessoas tinham medo de tocar nelas, já que se sabia muito pouco como o vírus era transmitido.
Há também o reverendo Stryker, que acha que os mutantes são criação do Diabo, e ele acredita ser o escolhido para acabar com eles. Mais uma metáfora atual sobre o pensamento de muitos em relação aos homossexuais.