Entrevistas são um tipo de filmagem muito comuns para qualquer cineasta. Por isso, vamos elaborar aqui as dicas das melhores lentes para essa finalidade.
Embora uma entrevista possa parecer muito simples para o espectador, exige bastante atenção e a escolha certa das lentes para criar o efeito esperado.
Como vamos focar na escolha da lente, entenda que estamos falando de uma câmera com sensor full-frame. Dessa forma, quando mencionarmos uma distância focal específica – digamos, 24 mm – o campo de visão (FOV) correspondente corresponderá a esse número.
Uma câmera
Uma câmera não é o ideal para entrevistas, mas pode acontecer devido a restrições do projeto ou de orçamento. Então, se for o caso de trabalhar com apenas uma câmera, a melhor opção seria uma 35mm ou 50mm.
35mm
Uma lente de 35 mm é uma ótima distância focal para entrevistas quando você quer mostrar o ambiente que cerca a pessoa em questão. Esse campo de visão mais amplo fornecerá contexto sobre o local da entrevista. Um 35mm dá um pouco de espaço para o quadro “respirar” para mostrar ao observador o ambiente. E com uma abertura maior, você ainda pode isolar o objeto do fundo para fazê-lo “aparecer” no quadro.
Além disso, tendo um ponto de partida mais amplo, é possível destacar o entrevistado na edição para “criar” um segundo ângulo de câmera, se necessário. É importante gravar em uma resolução mais alta do que a entrega para ter pixels extras para manter a imagem boa e nítida.
50mm
Há momentos em que 50 mm é mais apropriado, já que é muito próximo de como vemos a vida todos os dias, e isso pode ser bastante útil em algumas situações.
Por isso, se o local tiver pouco interesse visual (pense em uma sala de conferências monótona ou em um escritório sem graça), é melhor recorrer a uma lente de 50 mm. Isso vai comprimir o fundo em mais de 35mm, mas ainda dá uma aparência “normal” e mantém a câmera relativamente próxima da pessoa, o que é ótimo para filmar em espaços com pouco interesse visual.
Duas câmeras
Este é provavelmente o número mais comum de câmeras em uma entrevista e é onde as coisas ficam mais interessantes, pois permite cortar entre os dois ângulos para tornar a edição mais perfeita. As mesmas regras se aplicam aqui como com uma câmera, mas há algumas considerações e mais liberdade criativa.
A-Cam
A A-cam é a câmera principal e, de modo geral, é melhor que seja uma câmera “mais ampla”. Isso ajuda a estabelecer o ambiente para o espectador, o que é útil para orientá-lo, mas também pode ser muito importante para a história.
B-Cam
Este é o ângulo secundário e às vezes é usado como uma “segurança”. Esse ângulo é utilizado em algumas situações, como quando precisamos cortar uma pausa estranha, dar ao espectador outra perspectiva, destacar o entrevistado durante uma parte impactante da história ou ajudar com o ritmo de uma edição quando não tem que suportar b-roll em um determinado momento na edição. Para a b-cam, a dica é começar com o método “2 vezes”, que é simplesmente multiplicar a distância focal da a-cam por dois. Portanto, se a A-cam estiver em 35 mm, pode-se definir a b-cam em 70 mm.
Dessa forma, você evita que ambas as câmeras tenham um campo de visão semelhante. Ao cortar entre duas câmeras de 24 mm e 28 mm, por exemplo, o corte parecerá desajeitado, parecerá muito semelhante e parecerá muito com um jump cut, anulando assim o propósito de uma b-cam.
Três câmeras
Para os ângulos a-cam e b-cam, a ideia é seguir o mesmo princípio de uma configuração de duas câmeras.
Quando se usa uma 3ª câmera, o idela é usar a C-cam em um sistema dolly, em grande angular ou telefoto. Se o local for interessante o suficiente ou se o entrevistado estiver visualmente harmonioso com o ambiente, uma grande angular em um dolly pode ser uma tomada atraente e envolvente. Também pode servir como um “respiro” para o espectador durante uma entrevista mais longa ou como uma ótima tomada de estabelecimento.
Por outro lado, se as câmeras A&B estiverem mais próximas umas das outras, é melhor usar a c-cam com uma lente telefoto (algo entre 85 mm-135 mm) para obter uma foto de perfil (na mão ou em um sistema de dolly).
