Por que usamos 24 frames por segundo no Cinema?


Antes de mais nada, vamos voltar um pouquinho e entender como os filmes são feitos e exibidos.

Um filme é composto por uma sequência de imagens fixas, chamadas de quadros, que são projetadas em rápida sucessão para criar a ilusão de movimento. A velocidade com que esses quadros são exibidos é conhecida como taxa de quadros, medida em frames por segundo (fps). Quanto maior a taxa de quadros, mais suave será o movimento exibido na tela.

Certo? Certo.

Bem, a história do uso de 24 fps no cinema remonta aos primórdios da indústria cinematográfica. Na era do cinema mudo, quando os filmes não tinham som sincronizado, a velocidade de projeção dos filmes variava muito, geralmente entre 16 e 24 fps, dependendo do local de exibição. Vale saber que a projeção de 16 fps ajudava a economizar custos de produção e melhorar a vida útil das cópias dos filmes.

A partir da década de 20, com a introdução do som sincronizado nos filmes, foi necessário estabelecer uma taxa de quadros padrão para garantir que o som fosse reproduzido corretamente junto com as imagens, ou ficaria tudo desconexo.

Foi então que a indústria cinematográfica estabeleceu a taxa de 24 fps como o padrão para projeção de filmes sonoros. Dentre as principais razões para essa escolha, 24 fps foi considerada uma taxa de quadros suficientemente alta para criar a ilusão de movimento suave na tela, ao mesmo tempo em que era economicamente viável para a produção e distribuição de filmes na época.

Outra razão pela qual o cinema adotou 24 fps como padrão está relacionada com a tecnologia de câmeras e projetores da época. As câmeras de filme eram mecânicas e utilizavam rolos de película que precisavam ser transportados, expostos e armazenados de forma eficiente. Além disso, a velocidade de 24 fps permitia uma taxa de gravação de som adequada para os sistemas de som analógicos daqueles tempos.

A taxa de 24 quadros por segundo também oferece uma experiência mais natural para o espectador. Como mencionado anteriormente, a taxa de 16 a 18 fps é considerada o mínimo necessário para criar a ilusão de movimento. Uma taxa de quadros mais baixa pode fazer a imagem parecer irregular e tremida. A taxa de 24 quadros por segundo oferece uma experiência de visualização mais suave e natural, o que é importante para a imersão do espectador na história.

Vale ressaltar que a taxa de quadros de 24 quadros por segundo é apenas um padrão, e os cineastas podem optar por usar taxas de quadros diferentes, dependendo das necessidades de sua produção. Por exemplo, filmes de ação rápida ou animação podem usar taxas de quadros mais altas para criar uma experiência mais fluida e dinâmica.

Aqui estão alguns exemplos de cineastas renomados que utilizam taxas de quadros mais altas em seus filmes:

Peter Jackson – Na trilogia “O Hobbit”, dirigida por Peter Jackson, o cineasta optou por usar uma taxa de quadros de 48 fps. Jackson fez isso para criar uma experiência de visualização mais imersiva e realista, especialmente nas cenas de ação e nas sequências de efeitos visuais. No entanto, a decisão de Jackson foi controversa, e houve opiniões divergentes em relação à aparência do filme em 48 quadros por segundo, com alguns espectadores achando que a imagem parecia mais “artificial” ou “televisiva”.

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Peter Jackson nas filmagens de “O Hobbit”

Ang Lee – Em “As Aventuras de Pi” (2012), filme vencedor de 4 estatuetas no Oscars 2013, o diretor taiwanês radicado dos Estados Unidos utilizou uma taxa de quadros de 120 quadros por segundo em algumas cenas específicas. O objetivo era criar uma experiência visualmente envolvente e imersiva, especialmente nas cenas de ação e nas sequências de efeitos visuais, buscando proporcionar uma sensação de realismo e detalhes visuais ainda mais nítidos. No entanto, assim como aconteceu com “O Hobbit”, a decisão de Ang Lee também foi recebida com opiniões mistas dos espectadores.

Ang Lee no Oscar 2013

James Cameron – O cineasta responsável por três das maiores bilheterias do cinema de todos os tempos (Avatar – 2009; Titanic – 1997; e Avatar: O Caminho da Água – 2022) anunciou que planeja usar uma taxa de quadros de 60 quadros por segundo em suas próximas sequências de “Avatar”. Cameron tem como objetivo criar uma experiência de visualização ainda mais imersiva e realista para os espectadores, especialmente nas cenas de ação e nas sequências de efeitos visuais, usando uma tecnologia de ponta de captura e exibição de alta taxa de quadros.

Cineasta James Cameron

Zack Snyder – No seu filme “300” (2006), Snyder usou uma taxa de quadros de 30 quadros por segundo para criar um estilo visual único, com sequências de ação em câmera lenta e movimentos coreografados, dando uma aparência quase “em quadrinhos” ao filme.

Zack Snyder nos bastidores do filme “300” (2006)
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