YouTubers e a Publicidade Infantil

Publicidade Infantil

YouTubers e a Publicidade Infantil

Quem nunca presenciou uma criança chorando e se arrastando no chão de um supermercado ou de uma loja de brinquedos, põe o dedo aqui, que já vai fechar…!

Pois é, crianças são alvos fáceis para o consumo. Cores vibrantes, vozes estridentes, amistosas, mundos lúdicos e divertidos costumam chamar bastante atenção dos pequenos e causar impactos reais para os grandões – os pais.

Em um mundo movido pelas compras, brinquedos, alimentos, entretenimento e muitas outras ofertas concorrem fervorosamente pela atenção das crianças e a carteira dos pais. E, com isso, milhares de técnicas de persuasão são criadas para ganhar a preferência do público.

O problema começa quando todo esse mundo lúdico criado pelas empresas se confunde com a realidade, que as crianças não sabem ainda como separar. Decisões de compras baseadas em critérios que as crianças ainda não têm. Frustrações por não fazer parte de “um mundo de aventuras” que as crianças ainda não sabem lidar. Vontade de comer certas comidas gordurosas e beber certos líquidos açucarados que as crianças não sabem ponderar e, por consequência tornaram a obesidade infantil um dos maiores casos de doenças infantis do mundo (OMS, 2017).

As implicações de direcionar publicidade para as crianças são muitas e passam por diversas esferas: financeiras, jurídicas, psicológicas. Por isso, aqui no Brasil, passamos por uma série de restrições quanto ao uso dessa ferramenta de vendas direcionadas para elas.

Ok! Estava tudo indo bem, porque afinal, regular a publicidade infantil nas revistas ou nas rádios é relativamente fácil: são programas limitados, páginas limitadas, horários limitados. A auditoria não é das mais difíceis. E quando, de repente, milhares de pessoas começam a produzir conteúdo para YouTube, Facebook, Instagram, etc, para essas crianças com a intenção pura de ajudar os pais na difícil tarefa de manter os pequenos entretidos, ou para ajudá-los a educar, ou para ensinar uma nova brincadeira?

publicidade infantil

Pois é… é aqui que começa toda a questão.

Vamos imaginar um caso hipotético, em que uma marca de fast food (McDonald’s) envia seus brinquedos – ganhos por comprar seus lanches – para muitos desses produtores de conteúdo no YouTube. Esses produtores de conteúdo, como mostram tudo do seu dia-a-dia e não escondem nada de seu amado público, mostram, com alegria, o presente que ganharam. Isso é publicidade? Se sim, quem errou: a marca por enviar os “presentes sem intenção”? Os criadores de conteúdo por “serem transparentes” com sua audiência? A plataforma (YouTube) por não regular o tipo de conteúdo que ela exibe?

Agora vamos imaginar que esse caso não seja nada hipotético – porque não é – e que o Ministério Público Federal tenha instaurado um inquérito civil contra a marca para investigar o caso, dando ganho de causa a favor dos denunciantes (Instituto Alana) – até o Google entrou na roda para dar satisfação sobre seu controle de publicações. Quais são as regras, melhores práticas para se manter fora disso tudo?

Aqui vão algumas dicas para ficar longe de polêmicas e penalidades de publicidade infantil:

1. Direcione a publicidade para os pais. Eles podem decidir se querem ou não comprar os produtos para seus filhos
2. Evite imperativos comerciais em conteúdos infantis como “compre”, “peça”, etc
3. Não utilize cores com alto contraste, vozes infantis e mundos lúdicos dando a entender que, consumindo o seu produto, as crianças poderão fazer parte desses mundos
4. Não discrimine nem desvalorize a família, a escola, a vida saudável, a proteção ambiental para chamar a atenção e vender
5. Não constranja pelo não consumo, deixando a entender que se a criança não comprar seus produtos elas serão inferiores
6. Não apresente o conteúdo em formato jornalístico para não confundir as crianças
7. Não desmereça pais e educadores
8. Não atrele brinquedos, brincadeiras ou coisas legais à compra de um produto

Pronto! Agora é só usar a criatividade, fazer bons produtos com uma bela dose de preocupação com o futuro da molecada que automaticamente o seu futuro e da sua empresa não correrá perigo!

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