Você acha que o cinema está morrendo?


Você acha que o cinema está morrendo?

Parece um pouco dramático começar um texto com essa pergunta, mas esse questionamento já foi feito em algumas ocasiões pelo cineasta norte-americano Martin Scorsese, que conta com dezenas de filmes e documentários no currículo, como “O Irlandês” (2019) e “Ilha do Medo” (2010).


Para Scorsese, a arte de fazer e consumir cinema vem se modificando ao longo dos últimos anos. Para o cineasta, os filmes de super-heróis, que explodiram nos últimos anos, não são cinema. O que não quer dizer que não devem ser feitos ou assistidos ou que as pessoas não deveriam gostar deles. Está tudo bem com o fato deles existirem e fazerem sucesso, mas a reflexão que ele traz é que esse tipo de filme se enquadra em uma outra categoria, como se fossem parques temáticos, e não realmente cinema.

Além disso, com a popularização dos streamings, outra característica que vem se perdendo é ir até a sala de cinema. Na visão de Scorsese, assistir a um filme numa telona em uma sala com outra pessoas faz parte da experiência do cinema, e sem ela, não é completa.

De fato, a tecnologia mudou os hábitos de consumo e pode estar ameaçando o futuro da indústria do cinema. Confira abaixo os principais pontos que vem mudando a forma de se fazer (e consumir) cinema no mundo:

Franquias

As franquias ganharam um lugar gigantesco na indústria do cinema e passaram de um formato pontual para o mais recorrente da atualidade. Pense em Star Wars, a saga Marvel e muitos outros que vem dominando os lançamentos mundiais. Na mesma linha, temos os remakes, live actions, adaptações e similares, que também acabam sendo mais rentáveis do que ideias originais.

Para se ter ideia, dos 50 filmes de maior sucesso na última década, apenas três não são parte de uma grande franquia ou um remake: “Zootopia” (2016), ” Pets – A Vida Secreta dos Bichos” (2016) e “Bohemian Rhapsody” (2018). Os outros 47 fazem parte de uma indústria bilionária de entretenimento que inclui merchandising, venda de produtos e até parques temáticos.

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Personagens dos filmes da Marvel

Cinema x streaming

Enquanto a arrecadação das bilheterias vem caindo nos últimos anos, as assinaturas de plataformas de streaming vem crescendo exponencialmente. Inclusive, a cada ano surgem novas plataformas, e até empresas especializadas na fabricação de telefones e notebooks, como a Apple, mergulharam no universo da produção de conteúdo e vem lançando seus próprios streamings.

Além disso, parece estar havendo uma linha cada vez mais tênue que diferencia os seriados dos filmes. Séries estão cada vez mais parecidas com filmes divididos em partes menores. Por sua vez, o cinema está cada vez mais se parecendo com seriados, com histórias longas e contínuas e personagens que se repetem lançamento após lançamento.

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Cena de “Stranger Things”, série da Netflix

Consumo de mídia

Até alguns anos atrás, a forma de consumir filmes era pela televisão ou nas salas de cinema. Agora, as pessoas têm diversos outros dispositivos, como celulares e tablets, que transformaram completamente a forma como consumimos conteúdo.

Com a pandemia e o consequente fechamento das salas de cinema em todo o mundo, as plataformas de streaming, acessíveis em qualquer dispositivo e qualquer lugar, tiveram um crescimento ainda maior do que o esperado em 2020.

E você? Concorda com Scorsese e acredita que o cinema está morrendo?

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