A teoria da montagem da edição, em termos gerais, significa que duas ou três cenas unidas em uma determinada ordem tornam-se muito mais do que a soma de suas partes individuais quando colocadas juntas. Assim, elas contam uma história que não seria compreensível a partir de apenas uma das imagens, e só pode ser compreendida quando reunida com vários takes que formam um todo.
A teoria da montagem soviética é a principal contribuição dos teóricos soviéticos do cinema para o cinema global. Sua abordagem se baseava bastante nas técnicas de edição. Enquanto muitos cineastas gravam longos takes de ação, a teoria da montagem soviética prefere takes mais curtos para construir uma história quando colocados juntos.
Na vanguarda desse movimento estava o diretor e teórico de cinema soviético Sergei Eisenstein, o chamado “pai” da teoria da montagem. Eisenstein foi pioneiro na criação da linguagem cinematográfica que usamos hoje, e é amplamente conhecido por seu filme mudo “Battleship Potemkin” (1925).
Na época, Eisenstein escreveu que a montagem é “o nervo do cinema” e que “determinar a natureza da montagem é resolver o problema específico do cinema”.
Seu trabalho costuma ser dividido em dois períodos: o primeiro é classificado como “dramas de massa”, que se concentram em formalizar a luta política marxista do proletariado, e seus filmes “Strike” e “Battleship Potemkin” pertencem a essa fase. Já o segundo período de sua exploração da montagem concentra-se muito mais no “indivíduo”, onde ele apostou em como a montagem poderia contar uma história pessoal.
Com “Battleship Potemkin”, Eisenstein ajudou a fomentar a propaganda revolucionária da União Soviética da época, mas também para testar suas teorias de montagem.
No longa, ele experimentou a edição dentro do filme para tentar obter a maior resposta emocional ao que estava acontecendo na tela. Dessa forma, o espectador sentiria simpatia e talvez até empatia pelos marinheiros do filme.
De acordo com o Digital Film Archive, a teoria da montagem de “Battleship Potemkin” e Eisenstein inspirou diretores como Alfred Hitchcock (Psicose), Steven Spielberg (A Lista de Schindler), Martin Scorsese (Touro Indomável) e Brian De Palma (Os Intocáveis).