Se o seu vídeo não transporta o expectador para dentro daquela realidade ele não cumpre o seu papel fundamental: imersão. E tudo aquilo que se planejou como mensagem a ser passada pelo vídeo, vai por água abaixo.
Quando falamos em vídeo, tudo que está contido na tela passa uma mensagem: roteiro, tom de voz, enquadramento, linguagem, trilha, luz, ângulo da câmera, temperatura de cor, etc.
Um desses itens que é constantemente deixado de lado ou subvalorizado por quem começa a produzir conteúdo em vídeo é a direção de fotografia. Talvez porque quando utilizamos esse termo, remetemos a grandes produções. Mas a direção de fotografia pode (e deve) estar presente em toda e qualquer produção.
Um dos itens que o DP ou diretor de fotografia é responsável é ILUMINAÇÃO:
Ele é o profissional da luz e da sombra. Ele decide quais e onde ficarão os equipamentos de luz. Parece um detalhe pequeno, não? Mas entenda como apenas o ângulo da luz muda completamente a feição de uma pessoa.
O mesmo vale para a iluminação do ambiente. Qual sensação que o ambiente onde estamos gravando ambiente deve transmitir?
LENTES
Outro papel fundamental do diretor de fotografia é a escolha das lentes que serão utilizadas na produção. Existem diversos tipos de lentes, como grande angulares, normais, teleobjetivas, macro, olho de peixe (super grande angular), etc. E isso também influencia nas sensações que queremos transmitir. Veja como o mesmo rosto se modifica conforme mudamos a lente, variando entre grande angular e teleobjetiva:
As lentes grande angulares tendem a distorcer as laterais do quadro e aumentar a distância aparente entre objetos na cena. Ela pode ser usada para dar importância ao personagem ou objeto que está em primeiro plano:
Já as tele objetivas tendem a criar um achatamento entre o fundo e a frente, fazendo parecer que os objetos do segundo plano estão mais próximos do que na verdade estão.
Veja essa cena do filme Tinker Tailor Soldier Spy, (A Toupeira – 2011) na qual os personagem conversam em primeiro plano enquanto um avião pousa. Aparentemente tudo aconteceu muito próximo, mas na verdade estavam separados por mais de uma centena de metros:
Nessa cena, o diretor de fotografia usou uma lente 2000mm, ou seja, uma super teleobjetiva.
Um tipo de lente bastante peculiar e pouco explorada é a tilt shift Através de movimentos no seu mecanismo interno essa lente proporciona um desfoque radial na imagem, dando a impressão de que tudo está em miniatura.
Acredite, isso não é uma maquete:
ENQUADRAMENTO
Os enquadramentos dizem muito! Alguns ângulos de câmera podem deixar seu personagem mais forte, mais intimidador, ou então mais inseguro e fraco. Se enquadrarmos um personagem com pouco teto ou cropando um pedaço da sua cabeça, podemos gerar um desconforto proposital ao expectador, uma sensação de confinamento:
Ângulo baixo (Contra-plongée)
Um recurso clássico para tornar um personagem mais poderoso em relação ao outro é o contra-plogée. Veja como nessa cena do filme Matilda (1996) o personagem torna-se dominante e opressor:
Ângulo alto (Plongée)
Invertendo o ângulo, invertemos a sensação. Veja como a personagem Matilda, torna-se frágil e vulnerável neste enquadramento.
Ponto de Vista (POV)
Nesse tipo de linguagem, a câmera se torna os olhos do personagem fazendo o expectador se imaginar naquela situação.
Veja nessa cena de tensão do filme O Discurso do Rei (2010), onde o personagem está prestes a iniciar seu discurso para milhares de pessoas.
Nos próximos posts falaremos da continuação do trabalho da direção de fotografia: a correção de cor.