Por que o sucesso feminino incomoda?


Juliette “nem é tão boa assim”.

Anitta “só sabe rebolar”.

Luisa Sonza só faz sucesso por causa do Whindersson.

Não importa se você participou de um reality show na televisão, ou é cantora, advogada, cozinheira. Mulheres independentes que conquistam sucesso profissional sempre são desvalorizadas por alguma razão. Tem sempre um “ah, mas…” como complemento quando se fala que uma mulher conquistou algo importante na sua carreira.

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Anitta em apresentação no Coachella 2022

Quantas vezes você já não ouviu, numa roda de amigos, alguém desmerecendo a promoção de uma colega de trabalho? “Ah, mas com certeza ela deve ter feito algo para alguém para conseguir isso.”

A sociedade está acostumada a concluir que, se uma mulher está ocupando um cargo ou posição de destaque, que sempre pertenceu apenas aos homens, alguma coisa ela fez. E que curioso, para dizer o mínimo, que nunca passe pela cabeça das pessoas que a mulher pode apenas ter feito um excelente trabalho, não é?

Ao se apresentar no Prêmio Multishow com a música “Vixe, que gostoso”, Juliette, campeã do Big Brother Brasil 2021, recebeu uma enxurrada de críticas na internet. “Surto coletivo”, “não dá pra defender”, “ela não canta” foram apenas algumas delas – e, pasmem, muitas feitas por outras mulheres.

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A cantora Luísa Sonza, cujo hit “Sentadona” alcançou o top 50 do Spotify Global em março de 2022, sempre tem suas conquistas diminuídas e atreladas à fama do ex-marido, o humorista Whindersson Nunes. É como se o talento e trabalho de Luísa não fossem suficientes para tamanho sucesso, mesmo o casal tendo se separado no início de 2020. Em uma entrevista recente onde a artista fala sobre esse assunto, uma chuva de comentários negativos tomaram conta da página, como “música ruim, voz ruim”, “mas essa aí só tá onde tá por causa do Whindersson mesmo”, “no seu caso não foi mérito mesmo”.

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Luísa Sonza

Agora, veja bem o caso do DJ Ivis, onde um vídeo em que aparece agredindo a ex-mulher em julho do ano passado viralizou na internet. Além de ganhar centenas de seguidores nas redes sociais, foi ovacionado na entrada de uma balada, inclusive por mulheres.

Mais recente ainda, o caso do homem em situação de rua flagrado pelo ex-marido da mulher com quem ele estava tendo relações sexuais dentro de um carro. Enquanto um laudo médico aponta que a mulher sofre de transtornos psíquicos e estava em um surto no momento do ato, Givaldo Alves deu entrevistas sobre o caso dando detalhes íntimos sobre a relação, ganhou fama e chegou a ser convidado por mais de um partido político a se candidatar como deputado estadual ou federal nas próximas eleições.

O fato é que o comportamento e atitude dos homens ainda é muito mais tolerável e aceito na sociedade. As portas se abrem com muito mais facilidade, independente do que ele tenha feito ou deixado de fazer. Não é preciso provar muita coisa.

Para as mulheres, a história é outra. Elas ainda precisam provar o tempo todo que são talentosas e merecedoras do sucesso. E, mesmo quando suas conquistas são colocadas à prova, ainda sim o mérito é sempre atrelado a algum homem, ou à sorte, ou a qualquer outra coisa que não seja merecimento pura e simplesmente.

Dois pesos, duas medidas.

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