Toda empresa gosta de dizer que respeita seus profissionais, mesmo que a prática não condiga em nada com a teoria.
Aqui na 8 Milímetros nós levamos esse assunto muito a sério. Primeiro, e lógico, por consideração àquelas pessoas que cedem seu tempo, seu conhecimento e seu talento para realizar projetos de qualidade. Mas também porque, por mais incrível que seja o profissional, ele não vai conseguir executar bem sua função se não tiver condições ideais para tanto.
Vou tentar explicar melhor com um exemplo simples e que acontece muito no nosso mercado.
Gravação de eventos. Alguns eventos têm longa duração. Começam às 8h da manhã e terminam às 22h. Quatorze horas de evento. Para produzir um vídeo sobre esse evento, teríamos que considerar o trabalho de duas equipes, para que cada uma trabalhasse em um turno.
Muitos clientes, com o objetivo de economizar verba (que, quando se trata de produzir um evento, sempre é muito escassa), solicitam que uma única equipe estenda o horário de trabalho e cubra o evento completo. É lógico que entendemos a visão do cliente. Sabemos que nunca há dinheiro sobrando e o objetivo dele será sempre descobrir possíveis gastos desnecessários desse processo. O que não entendemos de verdade são produtoras que concordam com isso.
Pense bem, o trabalho de um cinegrafista é pesado. Além de equipamentos pesados, para captar uma única cena esse profissional precisa pensar em dezenas de questões como movimento, foco, iluminação, exposição, composição. Seja muito honesto e responda? Depois de oito horas seguidas trabalhando, você consegue trabalhar com a mesma qualidade? E se for um trabalho complexo e pesado então?
Quando uma empresa de vídeo aceita que seus profissionais trabalhem por 14 horas seguidas, ela sabe que o profissional não irá realizar um bom trabalho, que as imagens serão péssimas e o resultado final será ruim.
Como dissemos, compreendemos o lado do cliente. Ele entende da sua própria verba e não da produção de vídeo. Mas quando a empresa de vídeo não explica para o cliente que o resultado de colocar profissionais trabalhando exaustivamente será um vídeo ruim, a empresa esta sendo, além de desrespeitosa com o funcionário, desleal com o cliente.
Se uma empresa de vídeo tem como primeira e principal obrigação oferecer vídeos de qualidade, ela deveria explicar para o cliente a necessidade de duas equipes e, caso não houvesse mesmo verba, apresentar outras soluções, como produzir um teaser menor só com momentos importantes, por exemplo.
Mas ao que parece boa parte do mercado de audiovisual quer apenas oferecer descontos, preços baixos e fechar negócios a qualquer custo. Ruim para o profissional, ruim para o mercado, ruim para a produtora e muito pior para o cliente, que gastou dinheiro e terá um material aquém das expectativas e que não atende ao que precisava.
Esse aí é apenas um exemplo. Infelizmente temos vários. Poderíamos escrever páginas e mais páginas sobre eles.
Da nossa parte, mantemos nosso compromisso de respeitar nossos profissionais e fornecedores antes e acima de qualquer outra questão, e a torcida de que, em algum momento, produtoras e clientes entendam a grande besteira que estão fazendo.
