Janela de notícias do Facebook
O Facebook anunciou há pouco mais de um mês a ideia de construir uma janela especial com notícias mais confiáveis e isentas.
Como tudo o que o Facebook faz, polêmicas surgiram de todos os lados.
A rede hoje passa por uma série de problemas e questionamentos em relação ao uso dos dados dos usuários, às fake news, à bolha que cria ao exibir apenas conteúdo que as pessoas concordam em sua timeline.
Com tudo isso no cenário, o Facebook está fazendo grandes movimentações para melhorar a relação com as pessoas, empresas e governo.
Criar um ambiente separado, apenas com notícias validadas até pareceu interessante, mas há questionamentos por trás que podem fazer tudo ir por água abaixo.
O primeiro é se uma rede que se fez entregando apenas o que as pessoas querem ver, conseguiria realmente fazer um filtro de notícias de qualidade mesmo se elas forem contra a opinião dos usuários.
O segundo é sobre como vai fazer isso em escala. A rede hoje conta com 2 bilhões de usuários em todo o mundo. São trilhões – sem exageros – de conteúdos sendo postados mensalmente, milhões deles são notícias. Considerando isso, quais seriam os critérios da plataforma para eleger quais dessas milhões de notícias seriam efetivamente exibidas nessa janela separada?
A internet cresceu em proporção geométrica. Tudo aconteceu muito rápido. Os dados passaram de ideias soltas e malucas de uns poucos estudantes de universidade para caso de polícia e grandes conflitos internacionais. A internet precisa de canais que agrupem as informações de forma isenta.
O Google é uma empresa que organiza os dados e entrega informações relevantes em uma página de busca para bilhões de pessoas. O Facebook é uma empresa que concentra a produção de conteúdo social de bilhões de pessoas em todo o mundo.
E essas pessoas tomam decisões na vida real, fora da internet. Elas constroem opinião e tomam ações em seu dia-a-dia: de compra, de conversa, ações políticas, ações inclusivas ou que excluem, que promovem a paz ou a violência. Todas as esferas da vida estão relacionadas com essas informações.
Ou seja, esses agrupadores são fundamentais no processo de globalização do conteúdo e da informação, mas tão fundamental quanto ter um lugar para trocar informação é a sua isenção. Por isso, os algoritmos, que fazem sentido para dar vazão e organizar toda essa informação também são aqueles que criam “bolhas” de opinião, de amor e de ódio e, por isso, perdem a isenção.
Talvez o caminho da solução seja essa aba de notícias validadas. Mas só o caminho. Ainda falta um tanto para chegarmos em um modelo que acomode o filtro de bilhões de informações e a verdade não enviesada dos fatos.