Como tornar monstros em filmes realmente aterrorizantes?

Antes de tudo, é preciso entender porque existem os monstros e como nos conectamos com eles – sim, isso acontece.

O psiquiatra Carl Jeung analisa que filmes de terror se tornam realmente assustadores quando seus monstros se conectam com o nosso lado sombrio. Ou seja, eles se tornam metáforas para o chamado Arquétipo da Sombra, que é o lado obscuro de todo o ser humano. Este, por sua vez, entra em conflito com o Arquétipo da Persona, que é a parte nossa que escolhemos mostrar ao mundo.

Em Aniquilação (2018), um urso mutante completamente horripilante não só mata suas vítimas como também transmuta nelas. O urso sente o momento em que a vítima percebe que a morte está chegando e suspende o medo da morte em seu choro, que se transforma no choro de sua última vítima.

Porém, além de causar medo, o urso mutante também desperta empatia no telespectador – o que não é o sentimento esperado nessa situação. Isso acontece porque o comportamento do monstro é motivado muito mais por desespero e dor do que raiva, o que cria uma certa conexão emocional com o animal e com o Arquétipo da Sombra. Ao criar um monstro que engendra empatia, os diretores podem transcender o filme e fazer com que o público enfrente medos que guardam dentro de si. Ao suspender o grito de sua vítima para sempre, o urso pega o momento de nosso maior medo (o conhecimento único e coletivo de que morreremos) e suspende esse medo por tempo suficiente para que o reconheçamos.

Na sua opinião, qual o mostro mais assustador do cinema?