Psicose é um filme de 1960, dirigido pelo já consagrado na época Alfred Hitchcock. Após um grande sucesso de um de seus filmes (Intriga Internacional) já colorido em techinicolor, ele resolveu produzir um filme todo em preto e branco, com uma narrativa completamente diferenciada para época.
Mais da metade do filme é apenas o prelúdio de uma cena: A Cena do Banheiro.
Imagine que estamos falando dos Estados Unidos, no final dos anos 50, onde casa e a família são considerados itens sagrados. Ao matar a atriz principal na metade do filme, em um ambiente pouco explorado no cinema, Hitchcock inovou e provocou.
Pouco antes de seu assassinato, a jovem atriz pica um papel onde havia feito algumas anotações e o joga na privada. Eis aí a primeiro ponto: Era a primeira vez que se mostrava uma privada no cinema. Até então era algo considerado extremamente desagradável.
A cena vai se desenrolando com a entrada de Marion no chuveiro, onde os cortes começam a ter mais ritmo. Nos damos conta de que algo muito ruim vai acontecer quando percebemos esse espaço vazio enorme nessa cena. Nossos olhos não conseguem parar de olhar para o lado superior esquerdo:
Uma mão segurando uma grande faca surge, e só então a trilha sonora entra. São 52 cortes rápidos, em 48 ângulos de câmeras diferentes. Não vemos a faca perfurando o corpo da atriz em nenhuma cena, mas com a desorientação causada pelos cortes e pelos ângulos da cena, nosso cérebro tem a certeza de que acabamos de presenciar um assassinato. (clique nas cenas para ampliar)
Apesar de extremamente pontual, cerca de 45 segundos, a trilha sonora é essencial para a composição da cena. No início, ela foi colocada provisoriamente pelo montador como referência, pois Hitchcok queria apenas os efeitos sonoros do chuveiro e das facadas. Mas as cordas agudas e graves e o tom dramático combinaram tanto que a trilha se manteve.
Para os sons das facadas, a equipe gravou em estúdio o som de melões recebendo golpes com a faca.
Até então os personagens no cinema morriam de olhos fechados. Essa foi uma das primeiras vezes em que se representou um personagem morto com os olhos abertos. Há um grande destaque para esse momento, pois a cena final dessa sequência é um super close-up do olho da personagem morta, que se funde com um close-up do ralo do banheiro.
É interessante como quase 60 anos depois essa cena ainda é inovadora e usada como referência em tantas obras. Recomendamos que você tire algumas horas e assista essa obra prima da sétima arte. Por hora, deixamos aqui a cena original do filme para você se deliciar: