Anúncios obrigatórios no YouTube – uma reflexão
Então você, todo animado, entrou no YouTube para assistir ao vídeo novo do seu youtuber favorito. Você clica e, PÁ!, uma propaganda interrompe a programação. Você, pessoa moderna e conectada que já está acostumada a assistir, ver e ouvir o que quiser, na hora que quiser e onde quiser, não quer ser incomodado com publicidade. Só de lembrar que em algum tempo remoto não existia internet, você nem consegue imaginar como era lidar com o “reclame” (!) na televisão. Todo esse pensamento vem em uma fração de segundo. No segundo seguinte, você percebe que aquele anúncio não tem a opção de pular. Você vai ser obrigado a assistir tudo. TU-DO. E quão desesperador é se dar conta que, dessa vez, você não tem o poder de mudar a programação e vai ter que esperar o vídeo começar – mesmo que seja apenas alguns segundos depois.
Brincadeiras e exageros à parte (será? Rsrs), estamos tão acostumados a controlar e escolher o que ver na internet que, quando nos deparamos com os anúncios obrigatórios, os non-skippable ads, ficamos desesperados e indignados por sermos obrigados a assistir a um conteúdo que nos foi imposto.
Antes, o YouTube liberava a opção de anúncios obrigatórios para apenas alguns seletos parceiros. Os demais tinham disponíveis somente os anúncios que podem ser pulados após 5 segundos, os skippable ads. Depois de algumas mudanças na plataforma, esse formato foi disponibilizado para todos os youtubers que tenham canais aptos para monetizar os vídeos. Como já era de se esperar, essa alteração gerou uma grande polêmica sobre o assunto.
O objetivo do YouTube é aumentar a receita dos criadores de conteúdo dentro da própria rede como uma forma de fideliza-los, pois muitos estavam migrando para outras plataformas que remuneravam melhor. Como os anúncios obrigatórios expõe as marcas por mais tempo aos usuários, também custam mais caro para elas, o que gera maior remuneração para os criadores (e para o Google).
Há quem diga ter notado a receita dos vídeos cair depois de habilitar a opção de anúncios obrigatórios mesmo com o número de inscritos e visualizações no canal estarem crescendo. Ouros dizem que, de fato, passaram a ganhar mais com os non-skippable ads.
Mas será que mudar a forma do usuário se relacionar com a publicidade dentro do YouTube foi uma decisão acertada? Os ganhos com publicidade ajudam a manter e movimentar todas as empresas de tecnologia e conteúdo para que continuem existindo e evoluindo. E o público, de modo geral, entende que é assim que o mundo gira e aceita a propaganda, desde que feita de modo adequado.
Fica uma reflexão: por mais que, teoricamente, os anúncios obrigatórios coloquem os usuários por mais tempo em contato com a marca, será que isso é, de fato, efetivo? Se o vídeo não for tão interessante assim e se o anúncio for muito longo, nada impede esse usuário de abrir outro vídeo, navegar em outro site ou dar aquela olhadinha rápida no feed do Instagram enquanto espera o anúncio acabar.
Será que não é mais interessante deixar o usuário escolher se quer, ou não, assistir a uma publicidade? Será que não teríamos todos (marcas, usuários, criadores de conteúdo e plataformas) uma experiência melhor e mais eficiente? Por que não deixar para as marcas a tarefa de desenvolverem anúncios cada vez mais criativos e inteligentes que, em 5 segundos, consigam atrair o interesse do público de modo que ele não queira pular? Assim como, por que não deixar que as plataformas aprimorem ainda mais seus algoritmos para entregarem uma publicidade mais assertiva para cada usuário com base no seu histórico e gostos pessoais?
Ou será que não dar a possibilidade de pular um anúncio ajuda a fazer com que pessoas que, provavelmente, não teriam escolhido assistir àquela publicidade acabem sendo surpreendidas e se interessando pelo que está sendo apresentado? Será que é tão ruim ser colocado em contato com anúncios que não tem muita relação com nossos hábitos de consumo? Será que o poder de escolher somente o que nos agrada não nos coloca cada vez mais em bolhas isoladas?
Qual a sua opinião sobre o assunto? Você é a favor ou contra os anúncios obrigatórios?