A relevância de Zé do Caixão


José Mojica Marins e Zé do Caixão se confundem aos olhos do público, tamanha a relevância que o principal personagem do ator e diretor tiveram na história do cinema brasileiro.

Zé do Caixão foi, sem dúvida, seu principal e mais marcante personagem que, ao longo de mais de 40 anos, assustou o público nos cinemas. Porém, o trabalho de Mojica vai muito além: em seu currículo constam mais de 40 filmes dirigidos por ele e mais de 60 onde atuou. Foi o pioneiro na produção do gênero de terror no Brasil e se tornou referência não só no país, mas também internacionalmente.

Em outubro de 2021, a Spectrevision, produtora de Elijah Wood (conhecido pelo personagem Frodo, em “Senhor dos Anéis) divulgou que vai produzir um remake de “À meia-noite levarei sua alma”, de 1964, o primeiro longa que apresenta Zé do Caixão. A ideia do filme é oferecer “uma versão mais popular, acessível e atualizada, fiel ao público dedicado de Coffin Joe [como é conhecido fora do Brasil], mas apresentando o personagem para novos públicos mais amplos”.

À Meia-Noite Levarei Sua Alma
Cartaz do filme, de 1964

Zé do Caixão

Nascido em uma sexta-feira 13 de 1936, quando criança morava com a família nos fundos de um cinema, do qual seu pai era gerente. Ao 12 anos, ganhou uma câmera de presente de seus pais e começou a gravar curta-metragens com os amigos. Daí, nunca mais parou.

Aos 17, fundou a Companhia Cinematográfica Atlas, que usava insetos e outros animais no treinamento dos atores. Seus filmes traziam um realismo pouco visto, e ele encontrou sua vocação para o terror escatológico.

Inspirado por um pesadelo que teve envolvendo um agente funerário, aos 27 anos Mojica criou o que se tornaria o seu personagem mais famoso, que se acabou se misturando com sua própria identidade. O filme “À Meia-Noite Levarei sua Alma” trazia Zé do Caixão, coveiro de uma cidade do interior que estava em busca de uma mulher que lhe desse o filho perfeito, e matava qualquer um que entrasse em seu caminho.

O nome verdadeiro do personagem era Josefel Zanatas (“satanás”, ao contrário) e, além da cartola e das roupas pretas, usava unhas enormes, que viraram sua marca registrada.

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A sequência do longa estreia em 1967, com “Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver”, onde a saga do Josefel para encontrar a mãe do seu filho perfeito continua. Na história, ele sequestra seis moças e pratica uma série de torturas com elas, o que causa revolta e perseguição da população local.

Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver - Looke
Cartaz do filme, de 1967

“Encarnação do Demônio”, terceiro filme da trilogia, só estreia em 2008. Nele, Josefel ganha liberdade após cumprir pena em um manicômio e continua procurando a mulher que vai gerar seu herdeiro.

Além da trilogia, Zé do Caixão também participou de outros filmes ao longo dos anos, como “O Despertar da Besta” (1970), “Exorcismo Negro (1974) e “Delírios de um Anormal” (1978).

Além do terror, Mojica trabalhou com os gêneros faroeste, drama, aventura e filmes pornográficos, além de ter apresentado programas de TV e publicado livros.

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