8 mestres da luz que todo videomaker precisa conhecer


O que você, cineasta, pode aprender com outras formas de expressões artísticas? O que fotografia, pintura, cinema, escultura têm em comum?

Nós já falamos bastante por aqui sobre como é importante criar repertório e referências para o trabalho criativo, e observar outros tipos de arte pode ajudar muito nisso.

Se você atua na indústria do cinema, já sabe o quanto a luz é fundamental para uma cena. Não à toa, existem inúmeros tipos de iluminação, lâmpadas, refletores, rebatedores, temperaturas… Tudo isso para criar um jogo de luz e sombra que vai ambientar a cena, dar o tom, despertar sentimentos e sensações em quem está assistindo.

Obras de arte que inspiraram o cinema

Maneiras diferentes de iluminar uma cena

Assim como as demais artes, a pintura também se utiliza dessa relação claro-escuro para transmitir uma mensagem. Nesse post, selecionamos alguns dos principais pintores da história que têm como marca registrada o contraste entre luz e sombra em suas obras, e quem trabalha com cinema pode beber muito dessa fonte.

  • GUSTAVE CAILLEBOTTE (1848-1894) 
OBRA DE ARTE DA SEMANA | Lixadores de chão, de Gustave Caillebotte –  Artrianon
Lixadores de chão (Raboteurs de parquet, 1875), de Gustave Caillebotte

O impressionista francês explora como ninguém o reflexo das superfícies. No quadro “Lixadores de chão”, de 1857, é quase que possível sentir a luz natural entrando pela janela e refletindo no chão, que está sendo raspado pelos trabalhadores.

Repare na sombra que os corpos dos três homens faz sobre o chão de madeira, e no leve reflexo que a luz da janela cria nas costas deles. Perceba, também, em como a parte já lixada do chão é mais áspera e fosca, enquanto que os trechos que ainda têm verniz possuem um leve brilho. Impressionante cada detalhe!

  • MARIE DENISE VILLERS (1774-1821)
Desenho de Mulher Jovem (Young Woman Drawing, 1801), de Marie-Denise Villers

A jovem do quadro “Desenho de Mulher Jovem” está olhando para um espelho enquanto faz seu autorretrato, o que nos deixa intimamente em contato com ela. Veja como a luz branca do papel que está em seu colo reflete a luz da janela, iluminando seu rosto e seus cabelos loiros. O efeito é bastante parecido rebatedor que usamos no set.

  • REMBRADT (1606-1669)
Retrato de jovem com corrente de ouro (Autorretrato com corrente de ouro) -  Rembrandt van Rijn e ateliê — Google Arts & Culture
 Retrato de jovem com corrente de ouro (1635), de Rembrandt

Rembrandt Harmenszoon van Rijn foi um pintor holandês do século XVII. Sua habilidade em criar luz e sombra em seus retratos ficou tão famosa que a técnica acabou ganhando seu nome. O artista usa luz lateral pra aumentar o contraste, assim como fazemos ao gravar depoimentos documentais mais sóbrios, por exemplo.

  • JOHANES VEERMER (1632-1675) 
Vermeer
O Astrônomo (1668). de Johannes Vermeer

Considerado o segundo pintor mais importante do Barroco holandês, depois de Rembrandt, também é conhecido pelo seu jogo inteligente de luz e sombra, e utiliza muito a janela como entrada de luz.

Em “O Astrônomo”, perceba como é quase palpável a luz quente entrando e iluminando o globo, e como o armário de fundo quase desaparece, formando uma sombra na parede por causa do ângulo de entrada da luz.

  • GEORGES DE LA TOUR (1593-1652)
Georges de La Tour - SÃO JOSÉ CARPINTEIRO - VÍRUS DA ARTE & CIA.
São José Carpinteiro (1642), de De La Tour

O pinto francês, que começou no Barroco e depois migou para o Renascimento, é conhecido por utilizas velas e muitas sombras, criando um certo ar de mistério.

O único ponto de luz e “São José Carpinteiro” (e em muitos dos seus quadros) é uma espécie de vela, responsável por iluminar toda a cena e criar todos os contrastes necessários. Veja como a luz é mais forte e clara no rosto do menino Jesus, que está segurando a chama, e como ele se torna o destaque do quadro. Conforme se espalha, a luz vai ficando mais fraca, até sumir completamente nas bordas da imagem.

  • GERRIT VAN HONTHORST (1592-1656)
Cristo coroado de espinhos, c.1620 de Gerrit van Honthorst
Cristo coroado de espinhos (1620), de Gerrit van Honthorst

O artista holandês é conhecido por criar cenas detalhadamente iluminadas, e a fonte a fonte de luz está frequentemente presente nos seus quadros.

A luz da tocha em “Cristo coroado com espinhos” destaca, quase que exclusivamente, a figura de Jesus e o seu sofrimento. O grande contraste de luz e sombra cria o ar tenebroso da cena, e mantém os demais personagens à sombra, quase que imperceptíveis.

  • CARAVAGGIO (1571-1610)
caravaggio
A Morte da Virgem (1606), de Caravaggio

Nascido na Itália e um dos grandes nomes do Barroco, Caravaggio é conhecido pela grande expressividade e o contraste entre luz e sombra. Em seus quadros, é comum perceber uns personagens mais iluminados que outros, parecendo uma foto de uma cena de um espetáculo de teatro.

Em “A fundo escuro, a luz forte e clara destaca Maria morta na cama, enquanto os demais personagens apenas possuem algumas poucas partes iluminadas. O tecido vermelho acima, com bastantes detalhes de suas dobras e sombras, reforça a tensão do ambiente.

  • DIEGO VELÁZQUEZ (1599-1660)
As meninas
As Meninas (1656), de Diogo Velázquez 

Muitos dizem quo espanhol Velázquez “pintava o ar”. Conheceu livros de óptica e observou o efeito que as distâncias, a luz e outros agentes exerciam sobre as formas e cores. Por essas e outras complexidades, “As Meninas” é uma das obras mais analisadas da pintura ocidental.

A pintura gira em torno da princesa Margarita Teresa (filha de Filipe IV de Espanha), que está literalmente no centro da imagem e é a mais iluminada de todos. A profundidade da cena faz parecer haver vários quadros diferentes dentro do quadro.

E aí, como você se inspira na arte para suas criações no cinema?

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